O Silêncio das Águas é o terceiro livro da série Elementos, da autora americana Brittainy C. Cherry, publicado pelo Selo Record do Grupo Editorial Record. Mesmo sendo parte de uma série de 4 livros, cada história é independente e não tem nenhuma relação entre seus personagens.
“As batidas do seu coração fazem o mundo continuar girando”.
Dessa vez vamos conhecer a história da pequena Maggie May, uma garotinha que junto ao seu pai, começa uma nova família, com uma mãe e seus dois filhos. O que ela não esperava é que junto dessa família, ela ganharia algo muito maior.
Com apenas 6 anos de idade, Maggie fica com medo de dormir sozinha na casa nova. Mas Brooks, um menino de cabelo despenteado e olhos castanhos e o melhor amigo de seu novo irmão Calvin, aparece no meio da noite em seu quarto, trazendo muito mais que luz para uma noite escura: ele traz a segurança que a menina tanto precisava.
“(..)Meus olhos pousaram no abajur em formato de foguete um pouco antes de minhas pálpebras começarem a se fechar. Eu me sentia cansada. Segura. Protegida por um foguete que ganhei de um menino que eu havia acabado de conhecer.(…)”
Ela começa a fazer planos de casamento com o menino. Mas não pense que são sonhos à longo prazo: aos 10 anos de idade ela já tem tudo planejado em sua cabeça, mesmo que Brooks não concorde com nada disso. O local, a data, as roupas, a dama de honra: tudo está muito bem definido para Maggie. Mesmo que ele negue e resista impiedosamente aos planos da menina, pelo menos é o que ele diz.
“(…) Eu não quero nada com você, Maggie May Riley!. Não quero mais ser seu vizinho. Nem seu amigo. Nem me casar com você. E, com certeza, não quero beijar… – Fui interrompido de novo, mas, dessa vez, por mim mesmo. De alguma forma, enquanto falava, fui me aproximando dela, e os meus lábios roubaram um beijo. Coloquei as mãos em seu rosto enquanto a beijava por uns dez segundos. E contei cada um deles (…)”
O grande e tão esperado dia do casamento chega. Maggie briga com sua meia irmã mais nova e vai sozinha para a festividade, mesmo que sua mãe tenha pedido para ela não sair desacompanhada de casa para locais mais longe. Mas a felicidade da menina é tamanha, que ela não quer perder o próprio casamento.
Enquanto Maggie espera por um noivo atrasado, ela presencia um crime horrendo apenas por estar sozinha, no lugar e hora errado. Se Brooks não chegasse atrasado para o encontro, tudo por causa de uma gravata estúpida, ela teria perdido sua vida.
“(…) Eu me perdi.
Ele me roubou de mim mesma naquele momento.
Eu me senti suja.
Usada.
Presa. (…)”
Presenciar algo tenebroso e estar tão perto da morte deixou uma marca profunda em sua alma. De menina alegre e sorridente, Maggie se transforma em uma sombra o que foi um dia. Agora ela tem medo de sair de casa, medo das pessoas, medo dele voltar, medo de falar. Seu único contato com o exterior são seus familiares, Brooks e uma vizinha excêntrica que vem para o chá da tarde.
Os anos passam e a condição de Maggie não muda; seu refugio está em Brooks, nos livros e na musica e todos ao seu redor se adaptam ao seu modo de viver. Sua válvula de escape são os momentos que ela submerge na agua: onde seus demônios se calam e ela consegue ter alguns momentos de paz.
O contato e o sentimento entre Maggie e Brooks cresce cada dia mais e não há como ambos negarem o que há entre eles. E mesmo com todas as limitações da garota, eles começam um relacionamento, baseado na amizade e na cumplicidade que há entre eles.
“ (…)Namorar com Maggie foi uma das melhores decisões que já tomei, mas isso não significava que tudo era sempre fácil. Mesmo assim, ainda era sempre a coisa certa a fazer. (…)”
Uma oportunidade única surge quando a banda que Brooks e Calvin é descoberta por uma gravadora e eles são convidados a abrir uma turnê mundial. Brooks está dividido entre viver seu sonho e o amor de sua vida, deixando a escolha nas mãos de Maggie. E ela decide que ele deve sim viver seu sonho, viver para a música.
Eles trocam cartas e livros pelo decorrer dos anos e dos países que ele viaja, sempre com notas e observações nas partes lidas. Isso cria um elo muito mais forte entre eles. Até o dia que ele escreve dizendo que conheceu uma moça bacana e que está muito bem. E ele nunca mais recebe uma palavra de Maggie.
Mas quando Maggie precisa, a banda regressa para estar ao seu lado, deixando a turnê e o mundo, para estar ao seu lado. Os anos e o afastamento, não conseguem mimar o que existe entre Maggie e Brooks.
“ (…)Você está a alguns passos de distancia, mas ainda existe algum tipo de muralha entre nós. Como posso sentir saudades quando você está tão perto de mim? (…)”
No momento que Brooks mais precisar, quando o mundo dele ruir, Maggie encontrara dentro de si a força para vencer seus medos e ficar ao lado dele. Mesmo que ainda ela esteja quebrada, ela será a salvação daquele que não quer ser salvo.
“(…) Nem tudo que está em pedaços precisa ser consertado. Às vezes, só precisa ser amado. Seria uma pena se só as pessoas inteiras fossem merecedoras de amor. (…)”
Narrado em primeira pessoa, sob os pontos de vista alternados de Brooks e Maggie, a história é muito bem estruturada e sua linha de tempo é bem comprida, mesmo que não deixe isso transparecer algumas vezes. Por pequenos detalhes em uma frase, quase perdi a tempo, que é bem sutil e longa ao mesmo tempo.
As cartas que foram trocadas por Brooks e Maggie, enquanto ele esta fora em turnê, tem um espaço de tempo de uma década, e distanciam e aproximam eles de uma maneira linda. E essa foi uma das coisas que mais me cativou na história: o saudosismo de uma época que eu vivi e hoje, infelizmente quase ninguém mais utiliza. Uma mensagem simples, escrita a mão é um carinho único, inigualável.
A outra paixão de Maggie são os livros e a lista que a autora cria na história é MARAVILHOSA e você encontra de tudo. De “A culpa é das estrelas”, “O caçador de Pipas” e autores que precisam ser citados como Neil Gaiman e Dr. Seuss.
A história é dividida em 3 partes e em cada me traz um momento marcante e impactante na vida de ambos os personagens. Um ponto que inicia um novo começo na vida de ambos.
Brittainy traz nessa série pessoas marcadas, que procuram por uma redenção. Em especial, “O silêncio das aguas” trata de pessoas que trazem dentro de si algo que os marcou e precisam de alguma maneira, querendo ou não, encontrar uma solução de vencer o que os consome. Seja o medo, o arrependimento, a culpa, o ciúmes. Acompanhamos como um trauma em uma pessoa pode desestruturar tudo e a todos que estão ao seu redor.
“ (…) não importa do que as pessoas te chamem: reclusa ou estranha. Nenhuma dessas palavras importa. O que importa são as palavras que você usa para se referir a si mesma quando está sozinha. (…)”
Apesar de não terem relação alguma, os livros anteriores “O ar que ele respira” e “A Chama dentro de nós” são leitura obrigatória para quem gosta de história bem contadas, personagens marcantes e uma dose de drama. Os personagens de Brittainy são aqueles que a gente tem vontade de colocar em uma caixinha e por no bolso, para proteger das dores do mundo.
Sem falar que as mensagens que a autora deixa ao decorrer da história são lindas… Citações que da vontade de tatuar no corpo e na alma.
“(…) E aqueles que acreditam em você quando nem mesmo você acredita mais são justamente aqueles que você precisa manter por perto (…)”.
Confira as resenhas da Série Elementos:
Outros livros da autora:
No dia 12/04 a autora, divulgou a capa do segundo livro da Série Music Street. Confira abaixo.
É importante ressaltar que o livro teve o título alterado para Disgrace, pois ficou mais condizente com enredo que ela escreveu nesse livro. Espero ser surpreendida com esse novo livro. Em breve teremos resenha dele aqui.
Beijos da Japa.
Deixe uma resposta